quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Caso: 01 (Desabafo)

  ''Não é vergonhoso tornar sua história conhecida, por mais que ela não seja tão bela. Acredite, sua história pode ajudar outras pessoas!"


 ''Olá, me chamo Isabella, tenho 19 anos e sou de São Paulo. Conheci o blog do Markus através de um amigo da escola, e me encantei. Achei incrível como ele tem boas palavras e sabe realmente nos tocar com seus textos. Eu o acompanho desde do primeiro que ele fez.
  Fui criando um amor muito forte por cada texto que ele fazia. Cada palavra é um toque direto ao coração, e cada texto nos encoraja a ser uma pessoa melhor.
  Fiquei animada depois que ele nos deu a chance de fazer parte diretamente do blog, podendo contar nossas histórias e elas serem compartilhadas com  o mundo. E aqui estou, eu não sei se minha história será escolhida por ele, se ao menos será publicada, mas sinto um dever imenso de compartilhar ela com todos.
  Eu gostaria de começar minha história fazendo uma pergunta, vocês já agradeceram por mais um dia de vida hoje? É bem comum esse tipo de pergunta, e por mais que ela seja feita quase todo os dias, a resposta nem precisa ser dita, afinal quase sempre é não!
  Eu cresci com meu avô Carlos, moramos só eu e ele até hoje, e durante o resto dessa minha história vocês vão entender o porquê. Minha avó querida morreu antes mesmo de eu nascer. Como eu queria ter conhecido ela.
  Minha mãe (Beth) me teve aos 17 anos de idade. E como acontece em muitos casos, eu fui mais um bebê indesejado, mais um que provavelmente não estaria aqui pra contar história. Minha mãe se envolveu com um cara casado, de 30 anos de idade e que não queria nenhum tipo de relacionamento mais sério com ela. E quando ele descobriu da gravidez da minha mãe, antes que pudesse fazer algo, ele foi foi embora para outro estado. Passado todos esses anos eu ainda não tive nenhum tipo de contato com ele.
  Minha mãe sempre me contou que na época, ela estava muito apaixonada por ele e que não sabia direito o que estava fazendo com ela mesma. Resolveu por si só esconder a gravidez até onde conseguiria para procurar pensar no que fazer, temia que meu avô pudesse fazer algo com ela. Minha mãe tentou me abortar... Complicou a situação dela, porque ela foi parar no hospital e lá os médicos disseram ao meu avô que ela estava grávida.
  Meu avô, ficou meio chateado por ela ser tão nova, e mais ainda quando soube a história dela com meu pai. Deixou minha mãe fazer tudo por conta própria, até quase o oitavo mês de gestação. Desde então ele tomou  iniciativa de começar á ajudar ela.
                                                  19 de março de 1997, Quarta-Feira
  Esse foi o dia mais feliz do meu avô desde que minha avó havia falecido segundo ele. Eu nasci saudável e segundo meu avô, muito bonitinha. Á partir dali começa minha história, e do quanto eu tive que ser forte pra chegar até aqui. O quanto eu precisei do meu amor próprio pra ser mais uma sobrevivente dos jogos da vida.
  Primeiro de tudo, minha mãe ficou desapegada á mim e segundo ela, teve que trabalhar pra poder me sustentar, já que meu avô era aposentado e não poderia sustentar nós duas e a casa sozinho. Foi então que minha mãe começou a me ver com menos frequência e meu avô nesse período, criou um vínculo de amor paterno por mim.
  Acabou que 4 anos depois minha mãe conheceu um rapaz, que morava perto do trabalho dela, se envolveram e casaram. Desse dia em diante eu passei a morar com meu avô, já que ele não conseguiria mais viver longe de mim, pois eu acabei sendo a companhia dele.
  Um ano depois minha mãe teve outro filho. Meu irmão Gabriel. E assim se formava a família feliz. E é justamente á partir daí que eu começo a sofrer...
  De verdade eu não sei bem o que se passava na cabeça da minha mãe, porque depois que ela se casou e teve meu irmão, foi como se eu nunca tivesse feito parte da história dela. Como se eu nunca tivesse existido pra ela. Como uma carta fora do baralho.
  Depois que eu cresci e finalmente comecei a pensar por mim mesma, tudo ficou mais claro. Eu não entendia porque minha mãe não me amava tanto quanto ela ama o Gabriel. Eu perguntava ao meu avô todos os dias o que eu tinha feito para ela pra que ela não me amasse. Perguntei se durante minha infância eu havia feito algo com ela pra ser tão menos a mesma. e meu avô nunca teve respostas para as minhas perguntas.
  Era bem explícito como minha mãe me tratava diferente de como ela tratava o meu irmão. Até as pessoas de fora percebiam. E aquilo começou a me magoar. Embora eu tenha tido a minha vida toda o amor incondicional do meu avô, eu sentia falta do colo de mãe, do carinho de uma mãe. Sentia falta da ternura de uma mãe. E parecia que pra ela o que eu sentia pouco importava.
  O pior dia da minha vida foi quando eu peguei ela conversando com uma amiga dela, dizendo que estava feliz e realizada, já que ela tinha o marido perfeito e o filho mais lindo do mundo e que ela não precisava de mais nada. Alí meu chão caiu, as esperanças que eu tinha de ter uma mãe, pra mim haviam acabado alí, naquele instante. Eu daria tudo pra voltar ao passado pra evitar de passar perto dela justamente na hora em que ela falou isso.
  Foram dias, e noites. Meses e até anos com cada palavra daquela na minha cabeça. Eu não entendia como uma mãe podia não amar um filho. Graças á Deus eu tive a ajuda do meu avô todos esses anos e nos piores momentos foi ele quem estendeu a mão pra mim. Todo o carinho e amor que minha mãe não me dava, meu avô me dava ao dobro. até que eu fui perdendo todo o carinho que eu tinha pela minha mãe. E quando tudo parecia estável, ela resolveu junto com o marido dela morar no Rio de Janeiro. Ficou claro na minha cabeça que para ela, não importava estar longe de mim, afinal a família feliz dela já estava completa e ela não precisava de mim.
  Dos meus 15 aos 16 anos eu tive depressão e quem lutou pela minha saúde foi meu avô. Eu me envolvi com drogas, e com álcool e com más companhias. Foi uma fase bem difícil. Mas meu avô nunca desistiu de mim. Eu costumava pensar que minha vida não tinha sentido se eu não tivesse mãe. Que por mais amor que eu tivesse do meu avô, ela sempre ia fazer falta. E mesmo assim, meu avô nunca desistiu um minuto sequer de mim. Eu tive os piores dias da minha vida por não me sentir amada pela pessoa que mais deveria me amar nesse mundo. Eu cheguei a tentar tirar minha própria vida por conta da minha mãe, foi tão difícil passar por isso sendo tão nova, na minha adolescência.
  Mas com um tempo eu fui aprendendo, que a gente não deve sofrer por quem não se importa com a gente. E que a gente deve ser feliz por pequenas coisas. Eu não tive o carinho de uma mãe a vida toda, mas eu tenho o melhor avô que alguém poderia ter, e eu sou a pessoa mais feliz desse mundo. Aprendi a ver que a felicidade está em tudo, até no mais simples sorriso de alguém. Estabeleci pra mim uma meta, me fazer feliz e fazer o meu avô feliz. Lutar todos os dias pela minha felicidade e pela felicidade de quem quer me ver bem. Hoje em dia, eu já falo mais com minha mãe, e sou muito apegada ao meu irmão, mas eu ainda não sinto ela como uma mãe, e por enquanto eu a considero apenas uma amiga.
  Eu costumo dizer que, eu tive que passar por isso tudo pra ser uma pessoa melhor. Que Deus sabe o que faz, e que eu não passei por isso atoa. Hoje tenho 19 anos, me curei da depressão, estou prestes á entrar na faculdade de moda e estou mais feliz do que nunca. Meu avô ainda está comigo e me ama a cada dia mais e é por ele que eu estou aqui e dando o melhor de mim nessa vida. Comecei a namorar e estou vivendo a melhor fase da minha vida.
  Aprendi a ser mais forte, e por mais que eu tenha muitos motivos, eu não guardo mágoa de ninguém nessa história toda. Quis compartilhar porque eu acho que eu não sou a única a viver isso, pra ajudar quem passa por isso e também para aqueles que tem uma história parecida com a minha. Aprendam que tudo na vida tem um propósito e que nada acontece por acaso. Aprenda que você é feliz sim, e que você tem que ser feliz por aqueles que são felizes por você. Ame e seja amado. Tudo é amor. Espero que minha história sirva de ajuda pra alguém. Com carinho. Isabella!''



   (Eu escolhi essa história por ser tão forte e acredito que vai ajudar muitas pessoas. Obrigado por estarem comigo, e não se esqueçam que sua história pode ser relatada aqui também. Entrem em contato comigo. Obrigado pelo carinho, amo vocês, Markus)




                                                               <3